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    | Testemunho de uma mãe |  
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                     |  |  | Nunca me ocorreu ter um filho “especial”. Quando foi diagnosticado a síndrome Down ao Frederico, a notícia foi-me dada com uma frase seca e fria. Foi como se o mundo me caísse em cima. Fiz um imenso percurso dentro de um buraco, mas depressa consegui sair dele com uma força inexplicável de poder ajudá-lo e transmitir segurança para ter uma vida feliz.
 Não houve drama. Em casa não houve discussão alguma, mas sim uma cumplicidade que resultou em grande união familiar; nem um grito, nem desânimo por sua causa.
 Orgulho-me de ser sua mãe!
 Às vezes parece-me estranho que em nenhum momento nós fizéssemos a irritante pergunta: Porquê? Porque aconteceu connosco?
 A resposta é forçosamente inútil e é substituída pela serena aceitação do acaso da vida.
 Um acaso que nos veio a unir.
 Um filho com síndrome Down pede-nos um grande compromisso, o da solidariedade e da aceitação em igualdade de condições, mas ao mesmo tempo fez-nos algo de muito duro, o de nos pôr à prova.
 O Frederico pede esforços especiais e quando definitivamente me apercebo, já fazem parte da minha rotina normal.
 Aprendi a viver um dia de cada vez, a conviver com as preocupações, tento ultrapassar as barreiras que pela frente encontro.
 O meu objectivo é contagia-lo de alegria, de bem-estar, e não de angustia.
 Quatro meses desta adaptação e aceitação positiva de uma nova vida dentro do mesmo mundo, surgiram novas barreiras. O Frederico começa a fazer convulsões diariamente, aí instala-se o medo, a minha cabeça fica confusa, mas o Frederico deu-me forças para continuar a pensar positivamente, tudo o que o Frederico fazia, inclusivamente o seu lindo sorriso desapareceu, ficou apático, não brincava nem me fazia festinhas, isso entristeceu-me.
 Deu entrada no Hospital Garcia de Orta onde me disseram que tinha Epilepsia.
 Passados três anos, o Frederico continua a fazer convulsões diárias.
 Muitas coisas se passaram nestes três anos, sustos, alegrias, conhecimento, gratidão e esperança.
 - Os sustos, apago-os da minha mente.
 - As alegrias, recordo-as e vivo-as intensamente.
 - O conhecimento cada vez é mais enriquecedor.
 - A gratidão, não há palavras que a expliquem, em aspectos médicos, pedagógicos e sociais. É nesta altura que se reconhecem os amigos. A equipa médica do Frederico tem sido muito importante para nós, as barreiras são ultrapassadas com mais confiança, havendo um elo que nos une (médicos - família), ambos trabalhamos com o mesmo objectivo.
 Milagres não existem, mas sim novos tratamentos hão-de surgir, novos medicamentos, a fé alimenta a minha esperança. “ a esperança é a ultima a morrer” .
 Agradeço aos médicos o colóquio que realizaram na Escola Básica Integrada com Jardim de Infância de Vidigueira, escola que o Frederico frequenta, foi bastante benéfico para ele assim como para os professores que passaram a encarar a epilepsia como algo natural, até eu deixei de correr ao hospital quando o meu filho fazia certas crises.
 Socialmente o Frederico foi muito bem integrado. A escola abriu-lhe as portas, as educadoras, as auxiliares e os amigos, todos eles são muito especiais.
 Eu como mãe de uma criança “especial” orgulho-me muito dele, tudo o que ele aprende, para mim é uma vitória mas não tenho metas para ele, respeito-o e tento dar-lhe espaço para ser ele, um menino diferente como todo o ser humano, UM MENINO FELIZ.
 Salomé BorgesTel: 965198210
 [email protected]
 Vidigueira
 
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