ESCREVER organiza-nos, inquieta-nos, questiona-nos.
ESCREVER abre-nos caminhos por dentro de nós, faz-nos entender melhor a nossa vida.
ESCREVER faz-nos sair de nós e experimentar outras vidas.
ESCREVER faz-nos pôr palavras no rosto das coisas, torna-nos vizinhos do universo.
ESCREVER faz-nos rir e chorar.
ESCREVER ajuda-nos a escrever o romance da nossa vida.
Muitas vezes temos ouvido falar de escrita criativa como se a criatividade na escrita resultasse de uma cartilha de técnicas e truques que permitissem a cada um tornar-se num escritor de sucesso.
A criatividade é uma atitude perante a vida. Uma forma de olhar. Uma maneira de questionar a máquina do mundo. Pode ser -se criativo independentemente da ária em que se trabalhe e a que se aplique essa criatividade.
Quanto a mim, no entanto, a escrita está muito para além dos “truques” e do eventual desejo de sucesso. Quem escreve trabalha como se fosse um mineiro na mina do seu próprio peito e dos seus sentimentos. Depois de partir nesse caminho o escritor pode interrogar-se para saber o que pretende da escrita. Pode querer descobrir e contar a sua história. Ou contar outras histórias reais ou inventadas. Ou pôr em palavras um projecto. Ou dar notícias. Ou caminhar pelas palavras como um peregrino em busca de algum Deus.
A verdade é que tudo na nossa civilização está escrito. As leis, as crenças, a História. Tudo. E é pela palavra que nós nos entendemos connosco próprios, com os outros, com a voz do mar ou o brilho das estrelas.
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