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Crescer com um irmão “Diferente”… |
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Hoje em dia existem imensas coisas que não consigo explicar por palavras. Uma delas é o sentimento de revolta para com o mundo quando foi diagnosticado ao meu irmão de apenas 3 anos, um défice cognitivo, ou seja, um atraso no desenvolvimento que provocou perturbações na linguagem, para agravar ainda mais o problema foi ainda descoberto que tinha hiperactividade.
Foi um choque , como tudo na vida pensava que só acontecia aos outros. Desde os meus 6 anos que ansiava ter um irmão, um amigo, uma companhia. Porém a vida foi muito mais generosa…deu-me um irmão especial!
A nossa diferença é física e também psicológica, uma vez que temos uma diferença de 8 anos. No entanto temos defeitos e virtudes, eu sou amiga mas orgulhosa, já o João é do mais carinhoso que pode haver mas muito refilão. Porem não olham para mim da mesma maneira que olham para ele. Com diferença. Infelizmente é assim, já nem me refiro às crianças com deficiências, nós adolescentes não aprendemos a lidar com a diferença. Se a miúda ou miúdo que frequenta a escola, passa nos corredores e não corresponde ao ideal criado hoje em dia, é olhado desta maneira. Contudo e com as suas limitações o João, agora com 8 anos já consegue falar e controlar um pouco mais a sua ansiedade. Andou sempre em escolas normais e os amigos ajudam-no imenso. Tem uma terapeuta da fala e uma professora de ensino especial.
Quanto aos meus amigos, têm-me feito ver que tenho muito mais que os outros. Tenho um irmão que é anormalmente simpático, anormalmente comilão, mas sobretudo anormalmente feliz. Poucas são as pessoas que têm essa sorte.
Sinceramente já fui mas receosa relativamente ao seu futuro. O João tem feito enormes progressos e sei que um dia vai conseguir ter o seu lugar na sociedade, vai demorar mais tempo mas vai conseguir!
Ao escrever a minha história tento passar a mensagem principalmente às pessoas que têm irmãos com necessidades especiais, mas também aqueles que não têm. Acho que se todos nós deixarmos de deitar aquele olhar de pena e às vezes cruel a pensar que “ah, são deficientes não percebem”, enganam-se, são mais sensíveis e mais perceptíveis às situações.
No fundo é uma lição de vida, porque não o tratamos de forma diferente, tratamo-lo apenas com mais amor, carinho e atenção. Isso faz-nos aprender a ser tolerantes, amigos e capazes de impor respeito perante as situações. Assim damos-lhe força e transmitimos-lhe segurança, pois crescemos ao seu lado não de um modo diferente mas especial. |
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